VOTO E VACINA
JANUÁRIO, Sérgio S.
Mestre em Sociologia Política
Vivemos em sociedade. Temos compromissos mútuos. Por mais acentuado individualismo e egoísmo que se possa apresentar em atitudes e comportamentos, a maior parte das coisas que fazemos está relacionada aos outros. Até mesmo para sermos egoístas e estúpidos precisamos comparar uma atitude em relação a valores, a preferências ou diretamente a outras atitudes. Tudo é relativo, tudo está em relação.
Se vamos votar, por mais íntima que seja a escolha de um candidato, o resultado sempre será coletivo. Quando você vota, a escolha do candidato é sua, mas as consequências sempre serão coletivas. Para os atos democráticos, o voto em tempos de eleição, deve ser pensado como consequências aos outros.
O mesmo ocorre com os processos de vacinação. Esquecemos a idolatria do risco, perigo e incertezas, que simulam o tom da conspiração alimentada pelo medo. Isso é estupidez. Quando alguém é vacinado provoca para si a resistência contra o agente causador. Provocamos uma resistência calculada de acordo com a capacidade de reação do sistema orgânico que nos segura de pé. Esse é o ganho pessoal.
Mas quando você é vacinado ocorre que, pela resistência orgânica que você adquire, você acaba por proteger todos os outros que estão em seu círculo de atividade social de co-presença. Estando vacinado você não permite que vírus, por exemplo, se propague em seu organismo e, por efeito, não o transmite a outros. Assim, na medida em que muitos se vacinam, a proteção é coletiva. Viva a sociedade e os benefícios coletivos.
Até hoje o Brasil é um dos países que tem os mais altos índices de controle de doenças em virtude de comportamentos de vacinação. As políticas que foram geradas relativas à vacinação, à Carteira de Vacinação das Crianças [documento de responsabilidade dos pais que é indicador social de deveres e compromissos] é um dos principais fenômenos culturais de saúde preventiva. E como resultado econômico, é mais barato prevenir [provocar saúde] do que tratar doentes [cuidar de enfermos]. Ninguém vai ao hospital para se vacinar, senão para combater doenças [exceção ao parto].
Até hoje, quando cada um de nós vai ao Posto de Saúde para tomar vacina [com sala própria para este fim – maravilhoso isso, não é?] não se pergunta a origem, a nacionalidade, a política das vacinas. Demos credibilidade e legitimidade, acreditamos e, sem pensar muito, vamos em frente.
Se a vacina é chinesa, holandesa, peruana, africana, inglesa, alemã, francesa, qual a importância? Temos legitimidade credenciada para que nossos institutos e ANVISA possam dar garantias CIENTÍFICAS de sua segurança e eficácia. O mesmo se refere aos medicamentos. Tomamos remédios na crença de que são seguros e funcionais, cientificamente garantidos.
É muita estupidez imaginar que há origem político-ideológica em uma vacina. É jogar a ANVISA no fogo para cremação. Você poderá tomar as vacinas no braço esquerdo ou direito. Não haverá nenhuma diferença. Você estará protegido e protegendo aos outros do mesmo jeito. Somente um idiota imaginaria que a escolha do braço para vacinação poderia deferir uma escolha política.
Sugestão de Trilha Sonora: FÉ CEGA, FACA AMOLADA
Artista: MILTON NASCIMENTO e GILBERTO GIL – AO VIVO
Autor; Milton Nascimento
Álbum: MINAS
Data de Lançamento: 1975
Crédito de Imagem: Pinterest