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VOCÊ TEM FOME DE QUÊ?

JANUÁRIO, Sérgio S.

Mestre em Sociologia Política

MEDEIROS, Daniella

Jornalista

 

 

 

Temos visto que o último pilar da capenga e depreciada democracia brasileira reside no poder judiciário. Não acreditamos que o Poder Executivo seja capaz de alterar o cenário político atual. É bem pouco provável, senão impossível mesmo, crer que o Congresso Nacional esteja interessado em atuar em nome dos interesses gerais. Nenhuma reforma se faz, nenhuma alteração importante na estrutura política se faz. E não adianta mais recolher as exceções para suportar alguma esperança, no passo de quem “há deputados que merecem nosso respeito”.

A Operação Lava Jato teve o poder de resgatar em nosso olhar uma grande possibilidade de que ainda haveria jeito de arrumar a casa, limpar a sujeira, passar um pano com deter-gente, e secar o chão. Daí em diante seria manter a limpeza cuidando para que os comportamentos fossem orientados para novas metas éticas.

É fácil lembrar que o Juiz Sérgio Moro foi até mesmo lançado como pré-candidato à presidência da República, e como republicano que é assumiu a postura daqueles que não ignoram a importância institucional e ética de seu trabalho. Nem levou em conta essa “campanha”. Não por desprezo, mas por valores éticos. Também não quis levar consigo a conduta determinista de solicitar prisão imediata ao réu Luís da Silva em virtude de seu contexto. Neste ato se tornou um importante e simples Juiz de primeira instância, sem arrogâncias e vaidades.

O apelo por uma saída capaz de “reconduzir” os caminhos é tão grande que seguiremos que até hoje encaramos campanhas favoráveis à Operação Lava Jato como “Eu Apoio”. E não há pré-candidato à Presidência da República que incorpore a mudança de rumos que desejamos, às vezes, sem saber mesmo qual o destino.

Os últimos atos que desenham os caminhos de futuro do Brasil foram e são de agonia cortante. Um deles ocorreu quando do julgamento em segunda instância do réu Luís da Silva. Havia ali dois julgamentos. Um deles sobre o próprio Poder Judiciário, tramado com tantas linhas que parece que nunca formará um tecido jurídico seguro para os que desejam um país melhor. É incrível como apenas agora o réu Paulo Maluf tenha sido preso depois de tantos anos de liberdade pela presunção de inocência. Entre o ato que ora definitivamente punido e a decisão de culpa/responsabilidade há uma colossal “era geológica”. Ali a “Justiça bateu o martelo” sem mais e sem menos e de acordo com argumentos jurídicos (a despeito de discordâncias).

Na última semana a justiça tardou. A Suprema Corte, surpreendeu por sua sindicância de sancionar a satírica insanidade de fazer sucumbir a caminhada já suada. A decisão foi, como sarcasmo, não decidir. O sistema não funciona, “deu pau”. Agora somente amanhã, ou depois de amanhã. Faça o seguinte, venha semana que vem. E mais um “tempo Maluf de não-justiça”.

Ainda bem que a indignação foi alimentada com frutos que encontramos pelos caminhos que já passamos. Como indigesto plano cruzado do Sarney, o bufet de caras pintadas do Collor e o recente movimento Vem Pra Rua. Momentos que marcam a fome de espírito republicano e a desnutrição política de toda uma nação. Os cardápios sofreram alteração dos pratos oferecidos. Mas o tempero essencial continua o mesmo: O amargor da corrupção.

 

 

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Faz parte do histórico álbum Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas - da banda brasileira TITÃS - lançado em 1987, a música intitulada "Comida".  A conhecida letra fala sobre a crise econômica que abalou o Brasil logo após o fim do Regime Militar e  que se estendeu anos 80 a dentro. O que gerou fome não só de alimentos, mas também de cultura, diversão, artes e chances para se ter uma vida realmente digna. A canção é um dos protestos musicais do Rock  Nacional Oitentista contra os males que afligiam o país naquela época. 

Décadas se passaram e diferente da tecnologia do vídeo clipe (que você pode conferir nest post), tudo parece continuar exatamente igual. 

 

 

 

 

 

 

 

Fontes: blogdoprofessorandrio//youtube//googleimagens



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