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VAZIOS, PARTIDOS POLÍTICOS E ELEIÇÕES

JANUÁRIO, Sérgio S.

Mestre em Sociologia Política

 

 

Ufa! Uma etapa foi ultrapassada: as convenções dos partidos políticos para realizarem a primeira parte do processo eleitoral [talvez a mais importante porque é seletiva] terminaram oficialmente no domingo [05/08]. E foi uma etapa muito reveladora para entendermos algumas condições estruturais e da dinâmica política e eleitoral.

Em primeiro lugar é reveladora da ausência de lideranças com capacidade de atrair apoiadores partidários. As negociações [algumas ainda não finalizadas] foram terminadas nos últimos momentos do período legal para definição. E isso revela a ausência de líderes políticos fortes, com planos de governo para o Brasil e com capacidade de apontarem necessidades de transformação do Estado brasileiro. As moedas até então se constituem, especialmente, em “tempo de propaganda em rádio e TV”. E onde estaria o eleitor?

Os partidos políticos cristalizaram parte de sua composição genética: não são ideologicamente vinculados aos eleitores [até porque não há ideologia suficiente para tantos partidos], não produzem efeitos de representação de interesses coletivos, e convertem pessoas em ídolos ou referências que se bastam [santos salvadores, pai/mãe do povo]. Partidos Políticos funcionam como grupos de interesses, fundados em valores privados e de interesses pessoais ou de pequenos grupos [seus dirigentes]. Partidos Políticos têm dono, como uma organização privada. Porém são oficialmente financiados com recursos públicos: fundo partidário e fundo eleitoral [sem considerar cargos públicos].

É por isso que no processo eleitoral é fundamental se observar a trajetória de candidatos até aqui e obter este parâmetro para tomar as decisões de voto em candidato [raramente em partido, considerando os que não são filiados]. Mas já experimentamos votar em candidatos com base em seu passado ou em avaliação de governos. Porém, quando os resultados não foram “o esperado” percebemos tardiamente que, no primeiro caso – análise do passado, “o poder muda as pessoas” e no segundo caso – avaliação de governo, o até então bom governo escondia em suas entranhas o pior dos mundos. Basta o GAECO ou o Ministério Público olharem mais de perto e tudo o que era solidamente bom curva-se à destruição da esperança.

O período eleitoral [que se inicia em janeiro do ano em que ocorrem as eleições], engloba o movimento de pré-candidaturas, seguido da definição e divulgação de campanhas dos candidatos e termina no processo de divulgação oficial dos resultados eleitorais. Ao contrário do que se aposta, também não tornou as eleições mais baratas. Ao contrário, podemos supor que os custos aumentaram se considerarmos os valores de períodos de pré-campanha que não são contabilizados pelos tribunais eleitorais.

Outra razão para que as eleições continuem com valores altos se refere à cobertura territorial e à diversidade das populações eleitorais em um Estado. Ter que atingir grandes territórios e se comunicar com muitas formações sociais do eleitorado dificulta a estabilização de líderes políticos e exigem muitos esforços materiais, financeiros e humanos. Por isso o voto distrital poderia resolver, ao menos, este aspecto.

Tudo isso, num momento histórico no qual não encontramos líderes relativamente fortes, vimos partidos sem vínculos orgânicos com o eleitorado, nos encontramos sob condições eleitorais que afastam o eleitor dos momentos mais significativos de processos eleitorais decisórios [como as convenções que assistimos os resultados pelos jornais] demonstram a frágil estrutura política e a dificuldade de aproximar candidatos eleitos com o eleitorado.

O período é de espanto para alguns e de esperança para outros. E é um convite para conhecer nossa trajetória política, nossos valores sociais, nossa cultura política, nossa identidade como cidadão e a história de nossa trajetória que diz o que somos e como chegamos até aqui.

Vem aí as AULESTRAS EXITUS! Aguarde!

 

Crédito da Imagem: google imagens



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