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UM SÍMBOLO BOLSONARO

JANUÁRIO, Sérgio S.

Mestre em Sociologia Política

 

 

Desde o início de 2018 as pesquisas eleitorais estão a demonstrar uma intensa apatia eleitoral e um imenso desestímulo político. Os candidatos aparecem praticamente nos mesmos intervalos estatísticos de intenção de votos, com variação aqui e ali quando um pretenso candidato desiste ou é retirado das listas de perguntas estimuladas. Mas as alterações nas pesquisas não mudam o contexto.

Tal cenário é um importante conjunto de dados para interpretações políticas e eleitorais. De modo geral, a falta de credibilidade a governos, congresso e, em alguns casos, críticas aos resultados apresentados por ministros do STF, geram fraturas expostas nos sistemas de legitimação de estruturas e comportamentos políticos.

Em qual instituição ou em quem se pode acreditar como fonte de esperança para um futuro melhor? Inicialmente as respostas são negativas pois não encontramos um ponto ou setor capaz de nos lembrar que há um caminho relativamente seguro a ser percorrido.

Bolsonaro se tornou um símbolo sobre o contexto atual. Não a pessoa nem o deputado federal, mas o que é capaz de incorporar como fonte de intenção de voto. O cenário atual indica que não há um líder político que possa carregar um “rebanho” de eleitores até às urnas. E outro panorama sugere ausência de um “grande monstro” [como inflação ou previdência social] a ser vencido por programas de governo que se legitimariam pelo voto. Então, resta o fato curioso de por que Bolsonaro continua em primeiro lugar entre pré-candidatos à Presidência da República.

O motivo do voto para presidente, pela primeira vez desde 1989, não registra uma “cotação” de concorrência eleitoral sem base partidária ou programática. Aparentemente, o ato de ir às urnas e votar no símbolo Bolsonaro representa uma crítica às condições presentes. Não se refere ao que se deseja para os próximos anos, mas um desafio para não ser como está agora.

A ideia segundo a qual a população armada seria mais segura é o “fundo eleitoral” das referências para uma nova sociedade bolsonariana. Não se confia mais em governos [em todos os níveis] e nem em parlamentos [Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores] porque estariam de pé para si mesmos num arranjo de cooptação; o Sistema Judiciário, após o “longo grito de superação” da Lava Jato, perde espaço com os últimos resultados obtidos no STF. O valor principal da política eleitoral hoje é marcado na frase “só nos resta lutar com nossas próprias armas”. E muitos fatos contribuem para este “fundo eleitoral” e, ironicamente, inclusive o assassinato de Marielle e Anderson no Rio de Janeiro.

Caso não haja uma “novidade” no atual contexto político-eleitoral percorreremos um traçado pontilhado de angústias, desesperanças, desmotivações, na base do “cada um que se vire”. A deslegitimação atual dos “representantes” da população não será alterada. Não será um voto a um candidato, mas um ato de desabafo. Não é um voto num programa de governo ou num partido político que levará os eleitores às urnas, mas um gesto de abandono à política que nos conduz. E isso é exatamente o movimento contrário à nossa necessidade.

É hora de mudar a política! Estamos no momento exato e necessário de conhecer os valores que constituem nossa cultura política, nossa identidade como cidadão e a história de nossa trajetória que diz o que somos e como chegamos até aqui. Vem aí as AULESTRAS EXITUS! Aguarde!

 

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Crédito da imagem: jornalvs.com.br // Alan Machado



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