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UM OUTRO BRASIL. Sacudim, sacundá, sacundim, gundim, gundá!

JANUÁRIO, Sérgio S.

Mestre em Sociologia Política

MEDEIROS, Daniella

Jornalista

 

Dois fundamentos caracterizam a vida dos seres humanos: viver em grupo e se comunicar. Mas as formas e conteúdos segundo as quais esses pilares ocorrem são criações dos próprios homens e mulheres. E talvez o mais importante da vida em grupo e dos sentidos nas comunicações humanas sejam as criações ou as construções sociais.

Criamos o tempo [passado, presente e futuro]; nos projetamos pela esperança de conseguir algo; criamos valores sociais, políticos e religiosos que não podem ser mensurados por medidas físicas [quantos metros ou quantos quilos de amor e ódio]; estabelecemos parâmetros e critérios sobre o bem e o mal, o bom e o ruim.

Mas, em todos os momentos da história da humanidade, especialmente quando a esperança está dissolvida, “todos procuram pela ordem num mundo que [aparentemente] enlouquecera (...) Aplaudiriam qualquer coisa que lhes dissesse, se ao menos proporcionasse um pouco de esperança” (FOLLETT, K. Mundo sem fim. São Paulo, Ed. Arqueiro, 2015. v. 2; p. 311 e 354). 

Por um lado, os registros de pesquisas de intenções de voto para governador e presidência denunciam esse tempo de ausência de um ponto de chegada. E o momento é de se agarrar a qualquer nuance de esperança. Ainda que fiquemos mais propensos a aceitar aqueles que simbolizam a rejeição dos comportamentos e pessoas que incorporam o “mal” e comecemos a traçar nossas batalhas, ingênuas e indigestas, em acusar os pontos e humanos a serem negados.

Não há nenhum programa de ação política para se construir um outro Brasil. Não encontramos nenhum candidato a assinar protocolos e documentos (já que sua palavra de honra não é mais confiável) que impliquem em reformar as estruturas que condicionam as eleições, a definição de políticas, as responsabilidades sociais e judiciais, as remunerações incabíveis dos políticos. E, do lado dos pagadores de impostos e eleitores (nunca cidadãos), ainda resistem os comportamentos corporativos de defesa de privilégios (do ponto facultativo aos auxílios paletó).

Para MUDAR a POLÍTICA precisaremos de condutas renovadas, outros princípios, uma nova ética. Ainda que não seja para “amanhã”, posto que não somos revolucionários, é hora de começar a constituir grupos e nos comunicarmos colocando em dúvida o que existe. Lutando contra o caos estruturado em defesa de privilégios, e que possamos dizer o que queremos – e isso é o mais importante.

Somente depois podemos decidir em quem votar. De nada adianta renegar ou se opor a alguém, a alguns e seus comportamentos se não temos nada para colocar no lugar; se não temos o “Brasil que queremos”. Estaremos perdendo tempo precioso, paciência pendurada por um fio institucional [atitudes judiciais excepcionais em nossa história], e perdendo a crença no que nos coloca no dia seguinte: a esperança.

Nem Bolsonaro, nem Marina; nem Alckmin, tampouco Ciro Gomes. Em qual Programa de Brasil você vota? Em qual projeto Político e Econômico você vota? Se não há programa ou projeto, então não há motivo para votar. O resto é conversa fiada. “Não vem com garfo que hoje é dia de sopa”.

 

 

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Nem Vem Que não Tem é uma canção composta por Carlos Imperial e gravada por Wilson Simonal em 1967. Opção de trilha sonora ideal para o feriado do dia do trabalhador.

 

 

[Fontes imagem&vídeo: youtube]



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