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PARALIZIA CEREBRAL, IMPRECIONANTE!

JANUÁRIO, Sérgio S.

Mestre em Sociologia Política

 

 

Qualquer cientista que em sua trajetória acadêmica tenha passado por aulas de metodologia científica [estudos sobre métodos e teorias científicas] compreende que apenas as ciências duras [físicas e matemáticas] podem recorrer a controle extremamente rigoroso sobre os modelos de produção de conhecimento científico. Compreender a natureza [estrutura] e o funcionamento das coisas [dinâmica] em condições laboratoriais controladas permite afirmar que, sob determinadas circunstâncias, se controla determinado experimento.

CONTROLE não é uma expressão que possa ser utilizada com rigor e precisão em “experimentos” cujos “elementos testados” [objeto de pesquisa] tenham movimentos próprios e possibilidades de desejos [autonomia]. Para estes fenômenos reservamos o Método Compreensivo em suas variações internas. Não é possível, por exemplo, você imaginar que possa controlar pessoas e seus movimentos. Sempre que for necessário produzir um convencimento ou sugestionar comportamentos para alguém, você simplesmente não poderá controlá-la.

Mas isso não é o fim do mundo do conhecimento científico. É simplesmente, o reconhecimento de seus limites operacionais e teóricos. Obviamente, este Método serve para as ciências humanas, entre elas a Ciência Política. Portanto, o máximo que podemos garantir é que, para determinados fins, seria [e somente seria] fundamental que as coisas pudessem seguir determinados caminhos e assumir determinados valores sociais e políticos. Isso significa CONDUZIR, PROVOCAR, SUGERIR, INDUZIR, mas jamais CONTROLAR.

Sempre que se depende do humano para alguma coisa é preciso convencê-lo. Mas isso ainda não é garantia de que as coisas seguirão os rumos planejados. Sempre haverá uma infinidade de variáveis intervenientes [coisas que se inserem no processo e não tinham sido incluídas na organização das ideias e no planejamento do processo].

Em POLÍTICA não há o controle de alguém sobre o processo, mas apenas e tão somente sua capacidade de influência e de conduta. Em POLÍTICA as coisas podem ser CONDUZIDAS, mas nunca CONTROLADAS. E todos aqueles que tentam exercer controle sobre o comportamento político de forma autoritária colhem resultados negativos aos seus planos ao longo do tempo. Com relação aos humanos, a RESISTÊNCIA é uma circunstância muito provável e muito intensa.

Não adianta alguém, a despeito do posto que possa ocupar, gritar aos integrantes do processo que “a verdade é esta ou aquela”. Não há verdade em ciência, há compreensão, interpretação, entendimento. Disso tudo resulta um conhecimento provisório, contestável, criticável. E é pela crítica e pela contestação que a Ciência e a Política transcorrem-se no tempo e no espaço.

Ignorantes [aqueles que sabem que não sabem e por isso procuram saber] podem compreender este posicionamento. E sempre somos totalmente ou parcialmente ignorantes sobre o mundo que nos rodeia e sobre nós mesmos. É a ignorância que nos permite conhecer. Idiotas [aqueles que afirmam que sabem a verdade e tem o caminho do ponto de chegada da História] incidem em tentar controlar o mundo, pois mais nada restaria diante da verdade que o “iluminado” tem a revelar para todos os “outros”.

Na DEMOCRACIA é assim: ela é sempre insuficiente, limitada e não tem fim, posto que é processo. A DEMOCRACIA exige a crítica, a contestação e CONDUÇÃO. Somente idiotas poderiam tentar exercer CONTROLE sobre a POLÍTICA e apenas com COMPORTAMENTOS AUTORITÁRIOS, ilegais, imorais.

Os políticos, qualquer um, não têm o CAMINHO, porque não têm a VERDADE, mas podem eliminar a VIDA.

 

Sugestão de Trilha Sonora: O Mundo é um Moinho

Artista: Cazuza

Compositor: Cartola

Lançamento: 1976

 

Crédito de Imagem: Pinterest Imagem



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