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MACHISMO E MASCULINIZAÇÃO DA POLÍTICA

JANUÁRIO, Sérgio S.

Mestre em Sociologia Política

 

 

Aos leitores: não há neste artigo quaisquer juízos de valor com referência à política, apenas esforço analítico sobre os tempos políticos atuais. Compreender é procurar entender.

 

Em nossa cultura política, como valor que forma e orienta comportamentos, o machismo e a masculinização da política são componentes que até hoje prevalecem, a despeito de todas as lutas, denúncias e tentativas de novas formações. Mas uma cultura não se modifica por decretação de leis ou imposição sumária de novos valores. Como foi formada na história, geração após geração, será pelo mesmo modo a possibilidade de sua transformação.

Até pouco tempo, era naturalizado o fato de que as coisas públicas deveriam ser elementos para os homens, enquanto que para as mulheres caberia a responsabilidade de cuidar de todas as tarefas da casa ou do mundo privado. Não é por acaso que o Patrimônio tem relação direta com conquistas de bens materiais de relevância social, enquanto que o matrimônio guarda relação com as formas de manutenção de um casamento, por exemplo.

Não por acaso também, os jornais televisivos eram compostos por homens – como Cid Moreira e Sergio Chapelin – que falavam para homens. Apenas mais recentemente, os formatos dos jornais televisivos e suas variações em rádios e mídias sociais mudaram, e as mulheres passaram a fazer parte da constituição do mundo público.

A despeito de tudo isso, ainda damos presentes às mulheres pelo dia Internacional da Mulher, como se todas tivessem nascido naquele dia e, por sua condição de gênero, merecessem um afago. Nada disso: este dia serve para valorizar as pessoas – homens ou mulheres – que lutam por democracia de gênero.

Apenas recentemente, com o processo tardio de modernização da sociedade brasileira, passamos, em primeiro lugar, a colocar o tema sob a mesa e discutir com abertura, as necessidades de formação democrática de nossa vida cotidiana e de nossa sociedade com agrupamento humano.

Ainda resta a profunda necessidade de discutirmos com mais empatia as questões de gênero, especialmente na política. Confunde-nos argumentação sobre vestimentas em instituições políticas, ou a necessidade de transformar quaisquer eventos em uma linha de luta desde que a protagonista, por sua condição de gênero, assim possa reivindicar.

As cotas de gênero para a concorrência eleitoral passaram por inversão de suas intenções e a colocar o machismo em extrema evidencia. Não raro vimos a quantidade de mulheres nos parlamentos se converterem em planos secundários no conjunto dos parlamentares. E ultimamente, a beleza feminina entrou em cena para ofender ou defender os poderes de alguns homens como se a política pudesse ser organizada de acordo com o grau de beleza de primeiras-damas.

Com violência de todos os lados, parece que o machismo é apenas mais uma. Machismo é uma forma de limitar as mulheres a linhas secundárias e esconder sua inteligência e capacidade. E é praticado por homens e mulheres!

 

Crédito de imagem: google imagens



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