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GANHAR PARA PERDER

JANUÁRIO, Sérgio S.

Mestre em Sociologia Política

 

 

O candidato Lula, como todos sabem, está preso por sentença em segunda instância, promulgada por um colegiado de juízes. Fato que seria suficiente para impossibilitar a candidatura de qualquer um pelas determinações da “Lei da Ficha Limpa”. No caso de Lula seria questão de esperar o “tempo regulamentar” ser esgotado e, cumpridas as formalidades legais, sua pretensão eleitoral seria indeferida.

Mas sendo este o resultado sobre a candidatura de Lula, a vitória do PT seria proferida em outro lugar: no campo da legitimação política do processo eleitoral. Com o movimento de se apresentar Lula, sem as condições legais necessárias para cumprir todos os requisitos jurídicos para sua candidatura, o final dessa história se dá no “estrago” realizado sobre o processo eleitoral.

Até o momento, Lula é candidato sem condições legais de concorrer e a definição de sua substituição significa um retardo do quadro de disputa. O processo eleitoral está formalmente indefinido até que seja determinado quem será o candidato do PT na corrida eleitoral. Entrevistas com candidatos e com seus representantes e também nos debates eleitorais, a ausência do candidato do PT é a marcar da indefinição.

Pesquisas eleitorais trazem, por necessidade técnica, o nome do candidato Lula do PT. São cenários [isso mesmo, cenários] com Lula e sem Lula. E seu desempenho, em contraste com a falta de determinação legal sobre sua candidatura, deixa em aberto o “semblante eleitoral”.

Afinal, a grande vitória do PT é ter conseguido deixar sem forma e sem cara o processo eleitoral. E isso leva a uma condição de fraqueza na legitimidade desse mesmo processo. Essa eleição está dramaticamente marcada por indeterminações, por brechas, por indefinições. E isso cria um “buraco institucional” que desinforma o eleitor e torna inseguro definir opções de voto, até mesmo porque não as temos.

Ao fim e ao cabo, esta é uma eleição curta ainda mais encurtada pelo movimento de registro de candidatura de um Lula potencialmente impossível de ser viabilizado. Fundamento que deixa mais frágil o que ainda se caracteriza por muitas fraquezas, que deixa ainda mais cinzento o que se mostra nebuloso.

Vença quem vencer, e seja como for, a vitória eleitoral de um candidato será “sangrada” pela baixa legitimação política das eleições. A vitória eleitoral de um será empacotada pela derrota política de um processo. Faltará ao vitorioso a virtude de ter sido embalado pela grandeza da política. Do ponto de vista político, sairemos dessas eleições menores do que entramos. Vitória de Pirro: aquela que se alcança com alto preço.

Serão momentos difíceis. Ao vencedor a vitória sem nenhum troféu ou medalha que o distinga dos concorrentes. E isso revela como estamos hoje: nossos valores sociais, nossa cultura política, nossa identidade como cidadão e a história de nossa trajetória que diz o que somos e como chegamos até aqui terá um novo capítulo já envelhecido.

Vem aí as AULESTRAS EXITUS! Aguarde!

 

 

 

 

 

 

Crédito da imagem: Google



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