CONTANDO OS GRÃOS DA AMPULHETA
JANUÁRIO, Sérgio S.
Mestre em Sociologia Política
O Governo Federal, presidido por Michel Temer demonstrou toda sua fragilidade política e fraqueza governamental nas manifestações dos caminhoneiros. Não conseguiu negociar absolutamente nada e possibilitou que caminhoneiros e empresas de transporte de cargas obtivessem todas as suas reivindicações. Ouro de tolo, porque todos, inclusive caminhoneiros, pagarão pelo custo das reivindicações ou custeando com novos impostos ou deixando de ter atendimentos governamentais.
E ainda o Governo demonstrou sua fraqueza governamental porque não conseguiu reverter a situação em favor de algumas modificações na estrutura de Estado. Seria no mínimo conveniente que pudesse diminuir o tamanho do Estado e o inchaço de suas instituições que oneram toda a população brasileira.
Não é o custo do combustível que, diminuindo, mudará alguma coisa no Brasil; é o tamanho e a usurpação do Estado que tornam os impostos, com todo o volume que encerra, muito caros para a população brasileira. O óleo diesel poderia ser a porta de acesso a grandes mudanças estruturais e poderia recondicionar o Governo Temer como um transformador de um Estado sobrecarregado de privilégios, benefícios seletivos, e tomado como se particular fosse com um dono de ocasião.
São arranjos institucionais patrimonialistas [que transformam o que é público em particular e pessoal], é a política tributária como fonte de sustento de um Estado ineficiente em gastos públicos em todos os poderes e em todos os níveis.
Um Governo covarde que passa a culpar os donos de postos de combustíveis como desonestos caso não diminuam seus preços de óleo diesel em quarenta e seis centavos sem mesmo ter levado em conta que parte da composição deste combustível não tem origem na Petrobrás. Agora “os ficais do Temer” passarão a apontar os dedos para responsabilizar empresários que não suportam mais tanta tributação.
Não é o óleo diesel com menor valor que fará quaisquer promoções de mudanças significativas em nossas vidas, mas a necessidade de transformar um parlamento [câmara dos deputados e senado federal]. Parlamento que, incapacitado pelas mordomias e moribundo pela incapacidade de dar respostas mínimas a uma população absolutamente desacredita em “seus representantes”, precisa recriar VIDA.
Este é um Governo que já acabou e que fica contando os grãos de areia da ampulheta de seu tempo para se retirar pelas portas dos fundos, envergonhado, cabisbaixo, fraco, e sempre memorável por sua insensatez.
Uma política que possa revigorar nossas vidas será aquela capaz de ter compromisso com transformações do Estado, de seu corpo excessivo e incapaz de se satisfazer com tributos. Não é cortar na própria carne é, simplesmente, diminuir seu tamanho e seu apetite sobre os esforços diários da população brasileira. Votar, nesses tempos, é necessariamente transformar.
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