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AO MARTELO TUDO PARECE PREGO

JANUÁRIO, Sérgio S.

Mestre em Sociologia Política

 

Educação e instrução por horas e horas da vida, dedicação sem necessidade de recompensas, esforços madrugais, trabalho em período de descanso, tudo isso é fonte de água em pleno deserto. No período das celebrações aos professores [15.Out], agentes de preparação de caminhos e trilhas no desenvolvimento da vida, aplaudimos os esforços das celebridades docentes. Professores são heróis sociais. Mais do que uma profissão é, perfeitamente, militância e crença em possibilidades de superação. O caminho e o caminhar do professor são suas metas. É assim que professores acrescentam anos à vida e promovem vida aos anos.

Em contornos de ambientes sociais nos quais pessoas [personas] se mascaram em grafites de muros feitos dentro de bunkers, protegendo a si mesmos contra suas próprias ações, ou em situações sociais de trapaças e traições, ou em figurantes recebidos como seguidores, ou em relações plastificadas sem comprometimentos, a figura de educador se mostra um imenso desafio social, político, governamental e pessoal.

O mundo duro da individualidade e do individualismo, das violências e agressões, mostra o olho brilhante da perspectiva do martelo: tudo lhe parece prego. A perda da consciência de si é, com precisão, a perda do reconhecimento de que cada um está embutido em sua história, é como a perda de si mesmo. Não é mais a sua boca que diz quem você é, mas o que você fez! Sua história conta sua vida!

Aos professores o mundo provoca a necessidade de apresentar a consciência como fenômeno para a vida. Aos estudantes e alunos de todas as horas e idades há a urgência urgentíssima de se ter consciência do lugar e das responsabilidades que cada um e seus grupos têm frente à formação da sociedade, bairro, vida, família na qual vive.

Ainda que as pessoas possam resistir em se colocar no mundo, local onde será afetado em suas fragilidades e medos, mas com oportunidade de se vencer a si mesmo, se transformar ao assumir seus atos, suas traições e violências, suas fantasias e mentiras protetivas, haverá o professor. Para a consciência de si [seu lugar no mundo, suas atitudes frente aos outros, seus desejos confrontados com sua necessidade de honestidade], há a atmosfera da educação e a conduta dos professores militantes.

Atentados contra escolas e estudantes e professores são tão violentos porque atingem primeiro o único lugar protegido para se provocar a formação e a transformação das pessoas para algum tipo de bem social. As escolas e os professores e os alunos configuram a cena e o cenário de vida [não de cinema] onde se respira e se sente esperança. A escola e os professores são refúgios sociais e não bunkers individualistas. É nas escolas que se fazem as perguntas contra a traição da realidade, que formam as pessoas, que traduzem esperanças.

As transformações educacionais realizadas nas escolas são mundos contra as mentiras pessoais, as mentiras protetivas, os falsos testemunhos, a favor da solução de problemas, das boas atitudes, do fato de se ter um grupo [turma, sala] voltados ao desenvolvimento pessoal. Ainda que as pessoas atuem como martelo, para o qual tudo é prego, aos professores cabe a difícil tarefa transformar o jeito de construir o futuro como habitação.

 

Sugestão de Trilha Sonora: BRASIL

Artista: CAZUZA

Autor: NILO ROMERO, GEORGE ISRAEL, CAZUZA

Álbum: IDEOLOGIA

Ano de Lançamento: 1988

Crédito de Imagem: PINTEREST



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