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A MORAL DA HISTÓRIA

JANUÁRIO, Sérgio S.

Mestre em Sociologia Política

 

 

MORAL é relativa ao conjunto de regras que consideramos sempre válidas, verdadeiras e estimuladoras das práticas das pessoas para o bem, e servem como requerimento para as atitudes dos agentes sociais. O que é o bem sempre mudará com o passar do tempo, mas a MORAL como o envelope do conteúdo permanecerá. Isso porque A moral é uma instituição que nos organiza em sociedade. São tão intensas que imaginamos que servem para qualquer tempo ou pessoa ou lugar. MORAL é a referência para o que se faz e para o que se espera que seja feito.

Por outro lado, a MORAL das ATITUDES se refere ao que as pessoas praticam no dia a dia. E isso alimenta a diferença entre o “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Falar sobre a MORAL é ajustar o que deve ser feito; o que se faz, muitas vezes, está a milhas de distância do que se diz.

Para o autoritário ou o egoísta, que sempre se coloca como a medida de todas as coisas, não importa muito o que ele mesmo faz. Para ele, no ânimo de seu umbigo, reprimir e acusar os outros pelo que fazem não provoca correspondência ao que ele mesmo, acusador de dedo em riste, faz. As justificativas umbigais lhes são suficientes. Aos outros caberá a resultante de seu julgamento moralmente voraz. Na base do “mas eu tive motivos...” não recolhem nos balaios da noite seus próprios desastres.

A MORAL do UMBIGO organiza o mundo a partir de necessidades de se comandar o sentido das atitudes de todos ao seu redor. Imaturos sociais e desprevenidos políticos vivem como dopados a enxergar sua sombra sem luz. A vida fica facilitada na medida que há alguém para se culpar. Este individualismo, que é a cicatriz aberta dos salvadores da pátria, cria os leprosos em suas próprias mentes, e mentem para si ao indicarem a salvação pelo corredor que foi edificado por opressão.

A MORAL SOCIAL, que organiza as pessoas, se revela como uma instituição sempre superior a qualquer indivíduo. São seus valores que provocam uma forma de ser, um jeito de fazer, uma cobertura do que é o bem e o mal. Ela nunca se origina de um indivíduo, dotado de poderes superiores, que sempre deixa um gosto amargo no paladar.

A MORAL SOCIAL é um valor que dá combustível para que as pessoas se cuidem a partir de uma orientação ao bem, ao bom, ao certo. Nunca a de um indivíduo que grita a condenação pelo seu próprio umbigo de justiças, umbigo sujo pelos seus atos. A MORAL SOCIAL é sempre uma forma de as pessoas se protegerem contra o desgoverno social, o desgoverno assistencial, o desgoverno da saúde pública, o desgoverno da educação pública.

Como eleitos, políticos se promovem como comandantes e se esquecem que são representantes. Imaginam que podem comandar pela grandeza da sombra de seus umbigos, e elaboram o caminho a seguir como certo. Esquecem-se que a MORAL a julgar seja a SOCIAL. Fora do alcance de uma única pessoa, a MORAL SOCIAL prevalece quando surge uma Comissão Parlamentar de Inquérito [CPI] ou uma visita do GAECO ou da POLÍCIA FEDERAL. Não são ocasiões de convite para um café, mas um infortúnio moral cujos valores estarão longe de suas luzes e suas sombras.

O deslocamento do “Sol da Moral” é a projeção da MORAL SOCIAL. Sua grandeza não está na sombra que provoca, mas na fonte de luz que alumia: transparência sobre os atos governamentais, antes escondidos, quaisquer que sejam.

 

Sugestão de Trilha Sonora: O ALVO E A SETA

Artista: PAULINHO MOSKA

 

 

 



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